Brasão do Império Alemão. Pangermanismo foi um dos argumentos a favor da expansão do império
Um dos fatos que marcaram a ascensão das hostilidades entre os países que participaram da I Guerra Mundial foi o nacionalismo.
Criado como identidade de povos durante o século XIX, o nacionalismo
foi utilizado como forma de persuasão das massas populares para os
desejos expansionistas dos governantes de Impérios e demais países. O
discurso da necessidade do cidadão civil em se alistar no exército para
defender sua nação e pátria foi um recurso utilizado como forma de
ampliar o contingente dos exércitos.
Além disso, o discurso nacionalista
serviu para fomentar a expansão territorial de alguns estados, situação
que era apresentada como necessária para unir povos. Nesse sentido que
surgiram alguns grandes movimentos nacionalistas que iriam influir na I
Guerra Mundial.
O primeiro que se pode referir é o plano da Grande Sérvia,
que consistia em estender a jurisdição sérvia sobre os povos da região
dos Balcãs, no centro da Europa, utilizando a afirmação da necessidade
de autonomia dessa etnia em relação aos impérios que controlavam a
região. O objetivo era unir os povos sérvios, e se iniciou depois que a
Sérvia se libertou do domínio do Império Turco em 1878. Essa proposta
iria levar à eclosão da guerra dos Balcãs em 1912-1913, acirrando os
sentimentos nacionalistas contra a dominação do Império Austro-húngaro
na região. O resultado disso foi o assassinato do arquiduque Francisco
Ferdinando, dando motivos para o início da I Guerra Mundial.
A própria entrada da Rússia nesse
conflito estava ligada a pretensões expansionistas baseadas no
nacionalismo. A Grande Sérvia era uma vertente do Pan-eslavismo,
política defendida pela Rússia. Como os sérvios declararam guerra ao
Império Austro-húngaro, o czar russo, Nicolau II, decidiu intervir no
conflito para ajudar os sérvios, que são de etnia eslava como os russos.
Mas o objetivo real do czar era a expansão de Império e o controle da
região balcânica. Essa expansão russa estava alicerçada no
pan-eslavismo, uma tentativa de unir todos os povos eslavos sob o manto
da santa mãe Rússia.
Entretanto, havia outros interessados na
região, que utilizavam do mesmo discurso nacionalista para dominar os
territórios. Um grupo de alemães nacionalistas havia constituído o pangermanismo,
movimento originário da Liga Pangermânica, de 1895, que preconizava a
expansão do Império Alemão, com a anexação de todos os territórios
habitados por povos de origem germânica na Europa Central. Esse discurso
do pangermanismo foi um dos argumentos utilizados pelo kaiser Guilherme
II para a participação da Alemanha na I Guerra Mundial, fundamentando
assim sua política expansionista.
Nessa intrincada teia de sentimentos nacionais historicamente criados e politicamente utilizados surgiu o revanchismo francês
contra os alemães. Na guerra Franco-Prussiana de 1870-1871, os
prussianos (originários da Prússia, reino que conduziria a unificação
alemã) venceram os franceses e anexaram ao seu território a rica região
da Alsácia-Lorena. Essa perda alimentou dentro da França um sentimento
de revanche contra os germânicos por parte dos nacionalistas franceses.
Esse sentimento foi fartamente utilizado durante a I Guerra Mundial como
estímulo à participação dos cidadãos franceses nos combates contra os
alemães.
Todos esses sentimentos nacionalistas,
construídos ao longo do tempo, serviram como instrumento político pelas
classes dominantes para conseguir apoio popular aos seus objetivos de
expansão econômica e territorial.


17:01
Tarcisio Sales
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